9º. Dias – 09.12.2010
Purmamarca – AR – San Pedro de Atacama – CH

Saíram de Purmamarca às 09h. Sabiam que este seria o dia do desafio mais importante: Ultrapassar a Cordilheira dos Andes. Enfim, chegou o momento mais esperado e, provavelmente o mais difícil.
Como sabiam que iriam passar frio, decidiram já sair agasalhados, até porque em Purmamarca já sentiam os ares mais gelados dos Andes, embora não usando ainda toda a roupa trazida para a ocasião.
Por indicação do amigo Dieter, Jorge e Andréa tomaram Diamox ontem e hoje pela manhã, e segundo sugestão de outros viajantes e do dono da Hosteria, Sr. Bilbo, deveriam parar em Susques e comprar folhas de coca para mascar durante a subida e não comer muito, para evitar os enjôos comuns na altitude.
Saíram confiantes, embora com certo “frio na barriga”, como disse Jorge ao ver a grande muralha…
A estrada agora os levaria ao objetivo maior da viagem : San Pedro de Atacama, através do Paso de Jama, ponto mais alto do percurso.

Alto em todos os sentidos: de altitude mesmo, de frio, de emoção, de superação e de algo que eles nunca tiveram contato na vida: o deserto mais árido do mundo.

Novamente puderam ver os “Los Cardones”, agora em tamanhos menores, mas não menos bonitos.
Jorge fez questão da foto com a Cordilheira ao fundo… lembrando que a do blog foi uma montagem, queria ter uma foto de verdade.



Olhem “La Cordilheira” a frente da estrada… o topo do mundo ainda estava a alguns kms de distância e a paisagem ficava cada vez mais “desértica”…

A vegetação possui raízes compridas, aprofundando-se bastante no solo para buscar água. Apresenta folhas pequenas e muitas vezes cobertas de ceras, para diminuir a evaporação (perda de água). Possuem também, folhas em forma de espinhos para diminuir a evaporação.

O Atacama é um deserto costeiro, é o mais alto e seco da Terra. Nele, uma chuva possível de ser medida – isto é, de um milímetro ou mais – pode ocorrer uma vez a cada cinco ou até a cada vinte anos.

E imaginem: o Deserto do Atacama um dia foi mar, após inumeros vulcões entrarem em erupção, provocando abalos sísmicos e estruturais, a Cordilheira dos Andes surgiu de um lado e a Cordilheira de Domeiko de outro, suas águas, então represadas, foram evaporando, restando inúmeros Salares, como as Salinas Grandes (este tom de branco visto ao pé da Cordilheira). Mas restaram algumas lagunas…. que logo vocês vão poder conferir!
As Salinas Grandes estão a 3600 mts de altitude e seu contorno se destaca no horizonte a muitos quilômetros de distância. Quem chega a Salinas fica extasiado diante do mar de sal. A beleza do salar se une ao céu azul, refletindo uma luz muito especial.

Após atravessar o ínicio do deserto, chegaram a Susques, a última cidade antes de chegar ao Paso de Jama, antes de começar a subir a Cordilheira.
Aproveitaram para comprar as folhas de coca, que nesta região são vendidas em qualquer comércio, como folhas de louro ficam em sacos enormes e são cobradas por peso.

Também aproveitaram para abastecer, já que acreditavam ser este o último posto antes de da Cordilheira, mas não é!!!
Posto de uma única bomba, que tem tanto adesivo que Jorge teve dificuldade de encontrar um espacinho para deixar o do seu Moto Clube Rota 99.


Este pessoal adorou ouvir os viajantes falar português e fizeram várias perguntar para Andréa sobre a pronúncia das palavras.
Depoimento Andréa: “Foi uma conversa divertida e que marcou nossa passagem por Susques, com certeza não iremos esquecê-los e esperamos reencontrá-los um dia”.

Jorge e Andréa retornaram a estrada, deixando prá trás uma torcida especial pelo sucesso de sua aventura.

Enfim… estavam atravessando a Cordilheira dos Andes, pelo famoso Paso de Jama.
Pouco antes de chegar a Aduana Argentina, fizeram uma parada em um último posto de abastecimento, para beber água e esticar as pernas. Neste posto encontraram outros aventureiros brasileiros, o Clemir e Neréia e o Cláudio, que estavam vindo do Rio Grande do Sul em direção a San Pedro.

Logo estariam em solo Chileno…
Após passar o limite Internacional, começaram a subir cada vez mais alto… e ver imagens que se pode chamar de surreais.
A flora é composta por ervas e flores como a llareta, a grama salgada e o tomilho, por árvores como o chañar, o pimiento e o algarrobo, característicos por sua frondosidade e o agradável remanso oferecido pela sua sombra.

Mais sal pelo caminho… passaram pelo Salar de Tara. Em 1996, Salar de Tara foi designado a Wetland de importância internacional pela Convenção de Ramsar. Caracteriza lagos permanentes e seasonal. Entre eles, o principal é o Lago Tara, que é alimentado pelo rio de Zapaleri.

O Salar de Tara fornece o habitat para várias e raras espécies animais selvagens que estão em perigo. Viscacha da montanha, Vicunha, a Alpaca, além do Ganso Andean, a Puna Tinamou e as três espécies de flamingo que habitam o Chile e são consideradas vulneráveis.

Quando acreditavam já ter visto algo magnífico, outra visão extraordinária se apresentava aos olhos admirados diante de imagens tão deslumbrantes e diferentes, como as lagunas altiplânicas, águas rodeadas de sal, que surgem em meio ao deserto.

Na estrada, super bem sinalizada, bem asfaltada e limpíssima, algumas placas como esta, os acompanharam e lembraram todas as serras por onde passaram, estas placas indicavam a queda de pedras… também, com tantas, seria difícil que elas não caíssem morro abaixo…
